quinta-feira, junho 29, 2006

Os Prós do Hermetismo Gnóstico

Se encontras pela primeira vez uma pessoa deves:

- Olha-la bem nos olhos sem desviar a atenção: isso transmite honestidade e confiança.

- Apertar a mão com energia e alguma força; isso transmite convicção, força de vontade e frontalidade.

- Deves prestar atenção à conversa do outro e responder na altura certa com os teus pontos de vista, não deves hesitar nem gaguejar.

***

Já pensaram como é fácil enganar os outros, sabendo isto?

Sono e outras carências

- Há muito que não fazias uma noitada destas, hein?
- É verdade.
- E sempre tão bem acompanhada...

segunda-feira, junho 26, 2006

Stunning

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« (...) for Mr. Lee, 56, the beauty of this Chelsea apartment, which he shares with his wife, Sue Anne, 51, and their 10-year-old daughter, is in its depths. Their tiny living-dining room has a table, a loveseat and a ladder that leads through a hatchway to a subterranean space where the uninitiated might imagine rats scampering freely.

Mr. Lee knows better. He plays bass for a living, and he likes climbing down there to make noise. The various people he rehearses with can drag their instruments in from the street through an exterior doorway that's down a flight of stairs from the sidewalk, well below grade.»

in The New York Times, Real Estate, A long, skinny duplex complete with 'Jazz Dungeon' by Stephen P. Williams, June 11, 2006

Crónica da Batalha Luso-Flamenga

Nas ruas o povo delirava, havia sinos, buzinas, gritos e acelerações violentas. Quem não soubesse poderia acreditar que era chegada a hora do juízo final com os justos a sairem das campas para se juntarem nos campos do Senhor...

Como dizia o Chico "a minha gente sofrida, despediu-se da dor". Longe ficam a falta de guito, a situação miserável da política nacional, os prantos contidos de quantos sofrem... Tudo se esquece enquanto houver possibilidade de ganharmos a guerra.

Diz-se que o parlamento há-de voltar a parar. Não se vê aliás qualquer motivo para que continue activo durante este período de folia.

E naquela praça do Restelo entre os gritos e abraços dos muitos que assistiram ao decorrer da batalha havia duas personagens que não pareciam contentes. Uma com um rictus de austeridade, murmurava para si: "Ah se aqueles fedelhos tivessem apanhado umas boas lamparinas quando tinham idade, teriam aprendido o que é a disciplina.", o outro, andrajoso, reclinado sobre um banco dizia em boa voz sem que ninguém o ouvisse: "Haviamos nós de ter perdido e estar na situação socio-económica da Holanda..."

P.s. Para quem não tiver adivinhado, os personagens eram o P.e Acílio Fernandes e o Velho do Restelo.

domingo, junho 25, 2006

Coisas que não se esperam


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O Jogo da Vida

Consiste em avaliar a dignidade dos vizinhos pelo facto de terem ou não bandeiras nas janelas.

sábado, junho 24, 2006

Mau cinema faz austríacos parecer imbecis

Afinal o Tideland ficou para a semana. Fomos ver o Klimt. Os créditos vinham numa espécie de Comic Sans MS. Jantámos lindamente, no Galeto. Quando a câmara começou às voltas ficámos com medo que os bifes, tornedós e banana splits pintassem a alcatifa do Monumental. O Malkovich parece ter doado, gentilmente, todos os seus tiques ao moço que faz de Schiele. Os cenários e adereços são muito bonitos, mesmo os gatos de peluche. Mas este Klimt é um idiota sem qualquer interesse espiritual.

Eu explico, senhor Estado Civil.

Das duas uma: ou tiramos os autocolantes e depois os colamos consoante a sua cor em cada face, ou fazemos força a puxar uma das pecinhas, vamos desmontando o bicho e depois voltamos a montar da forma correcta.

«Hit the road, Jack/And don't you come back/No more»

sexta-feira, junho 23, 2006

Como tomar decisões #1

- Txiiii, olha para isto: o Nuno Galopim escangalha completamente o novo filme de Terry Gilliam na e o Nuno Carvalho deu-lhe bolinha vermelha.
- É esse que vamos ver.

Cronologia

Há pessoas que começam do início
e não têm vergonha de ter sido crianças.

Outras pessoas vêm do abismo
do final dos tempos ou da eternidade.

Há ainda os sábios que dizem
que o maniqueísmo é uma coisa perigosa.

quinta-feira, junho 22, 2006

... and the living is easy...



«One of these mornings
You're going to rise up singing
The you'll spread your wings
And you'll take to the sky»

Summertime de George Gershwin (preferencialmente na versão de Ella Fitzgerald)

Totalitarismo Vs Democracia Parlamentar

Os amores impossíveis são, essencialmente, literários. São entretenimento. Os amores impossíveis, ou mesmo os apenas pouco possíveis, são ficção, na maioria das vezes, pouco pura. Pouco pura pois o puro é tido, convencionalmente, como natural, e a imaginação no sentido literário é ardil e arbitrária. Os amores impossíveis (ou quase), são castelos de areia, metáforas efémeras que, no entanto, nos encharcam indefinidamente.

Quem disser que nunca teve um amor impossível, ou que o amor impossível que teve não lhe fez carquilha, é um escritor mais mentiroso do que aquele que quis ser arrebatado por um amor literário. Mas estes amores também cansam. Os apaixonados deste tipo, melancólicos contempladores de esfinges, escrevem romances inteiros a partir de pequenos sorrisos contrafeitos. Vêem uma casa grande (enorme), com uma lareira e mantas escocesas sobre os sofás, muitos livros e discos pelas estantes; isto enquanto, possivelmente, crianças desarrumam exuberantemente o lar ou, quem sabe, lá fora no jardim, tentam assassinar toupeiras com comprimidos de pólvora (daqueles que se vendem nas drogarias).

Estes amores até podem funcionar. Com paciência, abulia e masturbação em porções convenientes. Funcionam para pessoas pouco exigentes, ou exigentes em demasia. Para quem acha a carne secundária, ou para quem prefere o arquétipo ao duplicado. Mas os oportunistas da alma e da concupiscência sabem que os amores literários têm funções essenciais na construção da experiência individual. Sofrer mais no amor impossível não significa necessariamente amar mais nele. Os amores impossíveis ensinam-nos a amar melhor nos amores possíveis e, é claro, a perceber que é inútil tentar quantificar uma coisa que nem sequer sabemos em que consiste (excluindo o plano das reacções químicas).

Quando dizemos ao nosso alguém que ele nunca escreveu para nós coisas tão bonitas como escreveu para o outro, não estamos só a ter ciúmes do seu amor impossível. Estamos a lembrar o nosso e a pensar que fizemos para ele exactamente o mesmo. Aqui, um ímpeto neurológico diz-nos que, afinal, à ligeireza das palavras tudo é permitido. Elas, que também são castelos de areia, dissipam-se com mais facilidade que o olhar, o beijo, o cheiro ou a parole.

E é por isto que os amores possíveis são tão sublimes. O nosso amor possível conhece-nos, aceita-nos, minimiza os nossos defeitos, ri dos nossos disparates, é nosso amigo. Surge por sorte, mas não é opção; o amor impossível escolhe-se, o amor possível escolhe-nos. O amor possível e o impossível são ambos contratos com cláusula de rescisão. A diferença entre eles é a mesma que existe entre o totalitarismo e a democracia parlamentar: no possível, nós lemos o contrato.

Ironia

O Blogger manda-me um e-mail a perguntar se quero publicar o meu comentário.

quarta-feira, junho 21, 2006

Pragmatismo

O Discovery Channel está a transmitir um programa sobre inventos na área da engenharia para proteger os edifícios contra explosões provocadas por ataques terroristas. Nos Estados Unidos, há mesmo empresas que se dedicam exclusivamente ao fabrico e criação destes tipos de materiais que, por exemplo, revestem betão para impedir que se fragmente numa explosão ou impedem os vidros de se estilhaçar quando atingidos.

Gosto da ideia de o terrorismo deixar de ser um problema ideológico para passar a ser uma questão de engenharia civil.

terça-feira, junho 20, 2006

De Férias ou Sexismo Intersticial

- Fiquei abismado quando o professor disse que Gaye Tuchman era uma mulher.
- Não me digas!
- Digo, pois.
- E Phillips também é mulher.
- Oh não!
- Barbara Phillips.
- Que horror!
- Juro.
- Não me digas agora que Leonor O'Boyle é um homem.
- Isso não, mas...
- Desculpa, não me digas mais nada. É de mais para um só dia!

Quando alguém sobe na nossa consideração

- Oh boy... what a day!
- Tem razão. Também nunca pensei que o Pedro Mexia gostasse de Lee Hazlewood.

Fita Métrica

- Tem algum redutor de apetite que me recomende?
- Tenho. Vá comendo.

domingo, junho 18, 2006

Regresso

- Como é possível que os jovens andem sempre cansados?
- O senhor sabe lá o que é carregar nos ombros o peso do futuro...

sexta-feira, junho 16, 2006

Depois do Batatinha

Noutros tempos os palhaços, fora do palco, eram tristes... e pobres...

Agora ritzem-se daqueles tempos.

segunda-feira, junho 12, 2006

Fenómeno Raro na Praça de São Pedro

No preciso momento em que o P.e Acílio aplicou uma solha no gaiato de 5 anos, um estranho fenómeno verificou-se nos céus por sobre a praça de São Pedro, no Vaticano.

sexta-feira, junho 09, 2006

Ainda em Torno da Estalada do Acílio

Pois foi, ontem ficámos todos aturdidos com a bofetada do P.e Acílio ao menino de 5 anos (cujo nome não foi indicado, chamemos-lhe Joãozinho).

Primeiro que tudo convenhamos que o Sr. P.e não deve estar no seu perfeito juízo. Deve estar nervoso. Afinal a Casa do Gaiato, que tanto bem tem feito ao longo dos anos por tantas gerações de crianças da rua, é uma instituição a louvar e as queixas do Ministério Público são graves. Claro que, se eu fosse ao P.e Acílio, mesmo que a criançinha me mordesse o braço até ao osso ainda assim e sabendo pelo que estava a ser entrevistado, eu conter-me-ia e far-lhe-ia uma festa na cabeça dizendo "Estes diabinhos...". Para depois o sovar privadamente.

Agora esse é um problema do P.e Acílio que o terá de resolver.

Pelo meu lado interessa-me mais meditar sobre esta questão da violência para com as crianças. Eu defendo que um bom estalo, grito ou castigo, aplicados no momento certo, valem mil palavras. Acho mesmo que isso é vital, não apenas para a educação mas para transmitir noções, muito em falta na nossa sociedade, de respeito e disciplina.

Sou contra toda e qualquer violência para com as crianças, quando não explicada. A criança tem de perceber claramente porque lhe estão a bater ou porque a estão a castigar. (Parece que o P.e Acílio já tinha dito ao infante que se afastasse do local da entrevista por duas vezes, e nós bem sabemos que a maior parte desses gaiatos bem precisam de educação, caso contrário vêmo-los, anos mais tarde, em bandos de adolescentes ultra violentos.)

O problema, contudo, reside num problema social mais grave. Uma sociedade que não tem tempo para as crianças, que delega a sua educação e que não convive com o dia-a-dia do desenvolvimento e comportamento normal de uma criança TEM de se sentir desautorizada e criticada quando o indivíduo em quem delega levanta a mão para a criança. Porque não devia ser essa pessoa a fazê-lo, porque deveria ser o pai ou a mãe (ou qualquer outro responsável). Mas este acto desautoriza, como já disse, e é entendido como crítica à desresponsabilização que, bem lá no fundo está presente a remoer a consciência.

A ideia que perpassa é: eu delego naquela pessoa para educar mas não para castigar. Um bom sistema, embora provavelmente pouco eficaz a nível educativo uma vez que o castigo advém de uma pessoa não presente à infracção e, normalmente, algum tempo mais tarde - sendo que a criança muitas vezes nem liga o castigo à falta.

Mas como a sociedade actual tem por base a suspeita e a desresponsabilização, um pai não vai acreditar completamente no que o educador transmite àcerca do filho. E a criança aprende muito bem que tem uma espécie de imunidade em relação ao educador e ao pai. E joga com isso.

Eu levei muita réguada bem merecida, na primária, e acho que me fez bem. Quando não foi merecida, fazia barulho e queixava-me. Mas, também, foi o que os meus pais me ensinaram. Talvez porque tivesse uma mãe em casa, talvez porque a concepção de educação fosse diferente, mais empenhada, mais próxima e mais activa.

Tenho pena e medo das gerações vindouras porque, sem saberem o que é o respeito e sem saberem qual o seu lugar na sociedade, serão sempre inadaptadas e terão sempre todas as dificuldade em co-existir uns com os outros.

Por último queria apenas concluir que não defendo, de forma alguma, o P.e Acílio e que, desde já, o condeno de desconhecimento do mundo em que vive. De apanhar todos os ramos com que possa queimar-se na praça pública. Mas digo, também, a muito bons leitores que, indignados, tomaram conhecimento da acção do P.e Acílio e se insurgem, que gostava de os ver terem a coragem de se colocar na posição daquelas pessoas que não auferem mais que o estrictamente necessário para substistirem, que abdicam de uma vida pessoal para se dedicarem às crianças, pessoas cujos limites de paciência devem ser constantemente postos à prova, uma vez que têem pela frente crianças socialmente deseducadas.

Seria pois bom que não se queimasse o P.e Acílio antes de se acompanhar o seu trabalho. Eu pelo meu lado gostava que os jornalistas da Lusa me tivessem dito o que realmente pensaram sobre o impacto/força da bofetada, gostava também de saber se já têem filhos e gostava de saber se são cidadãos respeitadores. Afinal, o que fazem no seu artigo - de forma perfeitamente consciente - é uma acusação pública. E como eu sou um cidadão do meu tempo e, portanto, desconfio, não tenho uma total fé naquilo que a imprensa diz e sobretudo na forma como o diz.

A grande diferença é que eu desconfio sem complexos de culpa interiores e faço-o, portanto, por igual. Se calhar porque apanhei umas boas réguadas e porque me foi sempre dito porque é que as apanhava...

Reparo agora que não voltei a falar do Joãozinho...

quinta-feira, junho 08, 2006

De Volta ao Admirável País Real

Quando pensávamos que mais nada podia surpreender-nos, cá estão estas coisas tão nossas. Que nos fazem primeiro ficar com a boca à banda como se tivéssemos sido nós os esbofeteados, depois sorrir e por último olhar o céu...

quarta-feira, junho 07, 2006

Saa

Mário de Saa, depois de longos anos a sua poesia é finalmente coligida num volume da INCM. Para aqueles que não conhecem fica a recomendação de que se dirijam à feira do livro e folheiem o volume. Ficam alguns exemplos aqui e aqui. Muito pouca informação está ainda disponível sobre este autor que Pessoa louvava constantemente e chegou a definir como o seu sucessor.

Em breve porei alguma informação mais completa no Dicionário dos escritores portugueses esquecidos.

segunda-feira, junho 05, 2006

Breve Nota Sobre a Necessidade da Censura

Um dos grandes males deste sistema democrático que é o dos blogues é a questão dos comentários. Com efeito já tive oportunidade de, noutro local, falar sobre isso quando me foram enviados comentários interessantes sobre sites pornográficos e o convite para me associar a uma seita religiosa que parecia crer em seres extraterrestres. Os primeiros, apaguei-os; o segundo deixei-o pelo sim pelo não.

O outro problema reside quando são colocados comentários de natureza pessoal destinados a membros de um blogue colectivo. Isso fica mal. É sinal de pouca consciência e falta de sentido de propriedade.

Depois e muito sinceramente, dá um certo gozo, num país onde muita gente fala sem propriedade e pelos cotovelos e ninguém nunca morre pela boca, poder exercer este tipo de poder censório.

Prometemos desde já toda a democracia e abertura possível, quando nos apetecer.

quinta-feira, junho 01, 2006

Contra-relógio


Durante uns tempos, Samuel Beckett, Mário Cesariny, Alexis de Tocqueville, Norbert Elias, a Loja do Cidadão, Eros, Lewis Carroll e outros não me vão deixar vir aqui.

Até à vista.