Ainda em Torno da Estalada do Acílio
Pois foi, ontem ficámos todos aturdidos com a bofetada do P.e Acílio ao menino de 5 anos (cujo nome não foi indicado, chamemos-lhe Joãozinho).
Primeiro que tudo convenhamos que o Sr. P.e não deve estar no seu perfeito juízo. Deve estar nervoso. Afinal a Casa do Gaiato, que tanto bem tem feito ao longo dos anos por tantas gerações de crianças da rua, é uma instituição a louvar e as queixas do Ministério Público são graves. Claro que, se eu fosse ao P.e Acílio, mesmo que a criançinha me mordesse o braço até ao osso ainda assim e sabendo pelo que estava a ser entrevistado, eu conter-me-ia e far-lhe-ia uma festa na cabeça dizendo "Estes diabinhos...". Para depois o sovar privadamente.
Agora esse é um problema do P.e Acílio que o terá de resolver.
Pelo meu lado interessa-me mais meditar sobre esta questão da violência para com as crianças. Eu defendo que um bom estalo, grito ou castigo, aplicados no momento certo, valem mil palavras. Acho mesmo que isso é vital, não apenas para a educação mas para transmitir noções, muito em falta na nossa sociedade, de respeito e disciplina.
Sou contra toda e qualquer violência para com as crianças, quando não explicada. A criança tem de perceber claramente porque lhe estão a bater ou porque a estão a castigar. (Parece que o P.e Acílio já tinha dito ao infante que se afastasse do local da entrevista por duas vezes, e nós bem sabemos que a maior parte desses gaiatos bem precisam de educação, caso contrário vêmo-los, anos mais tarde, em bandos de adolescentes ultra violentos.)
O problema, contudo, reside num problema social mais grave. Uma sociedade que não tem tempo para as crianças, que delega a sua educação e que não convive com o dia-a-dia do desenvolvimento e comportamento normal de uma criança TEM de se sentir desautorizada e criticada quando o indivíduo em quem delega levanta a mão para a criança. Porque não devia ser essa pessoa a fazê-lo, porque deveria ser o pai ou a mãe (ou qualquer outro responsável). Mas este acto desautoriza, como já disse, e é entendido como crítica à desresponsabilização que, bem lá no fundo está presente a remoer a consciência.
A ideia que perpassa é: eu delego naquela pessoa para educar mas não para castigar. Um bom sistema, embora provavelmente pouco eficaz a nível educativo uma vez que o castigo advém de uma pessoa não presente à infracção e, normalmente, algum tempo mais tarde - sendo que a criança muitas vezes nem liga o castigo à falta.
Mas como a sociedade actual tem por base a suspeita e a desresponsabilização, um pai não vai acreditar completamente no que o educador transmite àcerca do filho. E a criança aprende muito bem que tem uma espécie de imunidade em relação ao educador e ao pai. E joga com isso.
Eu levei muita réguada bem merecida, na primária, e acho que me fez bem. Quando não foi merecida, fazia barulho e queixava-me. Mas, também, foi o que os meus pais me ensinaram. Talvez porque tivesse uma mãe em casa, talvez porque a concepção de educação fosse diferente, mais empenhada, mais próxima e mais activa.
Tenho pena e medo das gerações vindouras porque, sem saberem o que é o respeito e sem saberem qual o seu lugar na sociedade, serão sempre inadaptadas e terão sempre todas as dificuldade em co-existir uns com os outros.
Por último queria apenas concluir que não defendo, de forma alguma, o P.e Acílio e que, desde já, o condeno de desconhecimento do mundo em que vive. De apanhar todos os ramos com que possa queimar-se na praça pública. Mas digo, também, a muito bons leitores que, indignados, tomaram conhecimento da acção do P.e Acílio e se insurgem, que gostava de os ver terem a coragem de se colocar na posição daquelas pessoas que não auferem mais que o estrictamente necessário para substistirem, que abdicam de uma vida pessoal para se dedicarem às crianças, pessoas cujos limites de paciência devem ser constantemente postos à prova, uma vez que têem pela frente crianças socialmente deseducadas.
Seria pois bom que não se queimasse o P.e Acílio antes de se acompanhar o seu trabalho. Eu pelo meu lado gostava que os jornalistas da Lusa me tivessem dito o que realmente pensaram sobre o impacto/força da bofetada, gostava também de saber se já têem filhos e gostava de saber se são cidadãos respeitadores. Afinal, o que fazem no seu artigo - de forma perfeitamente consciente - é uma acusação pública. E como eu sou um cidadão do meu tempo e, portanto, desconfio, não tenho uma total fé naquilo que a imprensa diz e sobretudo na forma como o diz.
A grande diferença é que eu desconfio sem complexos de culpa interiores e faço-o, portanto, por igual. Se calhar porque apanhei umas boas réguadas e porque me foi sempre dito porque é que as apanhava...
Reparo agora que não voltei a falar do Joãozinho...
Primeiro que tudo convenhamos que o Sr. P.e não deve estar no seu perfeito juízo. Deve estar nervoso. Afinal a Casa do Gaiato, que tanto bem tem feito ao longo dos anos por tantas gerações de crianças da rua, é uma instituição a louvar e as queixas do Ministério Público são graves. Claro que, se eu fosse ao P.e Acílio, mesmo que a criançinha me mordesse o braço até ao osso ainda assim e sabendo pelo que estava a ser entrevistado, eu conter-me-ia e far-lhe-ia uma festa na cabeça dizendo "Estes diabinhos...". Para depois o sovar privadamente.
Agora esse é um problema do P.e Acílio que o terá de resolver.
Pelo meu lado interessa-me mais meditar sobre esta questão da violência para com as crianças. Eu defendo que um bom estalo, grito ou castigo, aplicados no momento certo, valem mil palavras. Acho mesmo que isso é vital, não apenas para a educação mas para transmitir noções, muito em falta na nossa sociedade, de respeito e disciplina.
Sou contra toda e qualquer violência para com as crianças, quando não explicada. A criança tem de perceber claramente porque lhe estão a bater ou porque a estão a castigar. (Parece que o P.e Acílio já tinha dito ao infante que se afastasse do local da entrevista por duas vezes, e nós bem sabemos que a maior parte desses gaiatos bem precisam de educação, caso contrário vêmo-los, anos mais tarde, em bandos de adolescentes ultra violentos.)
O problema, contudo, reside num problema social mais grave. Uma sociedade que não tem tempo para as crianças, que delega a sua educação e que não convive com o dia-a-dia do desenvolvimento e comportamento normal de uma criança TEM de se sentir desautorizada e criticada quando o indivíduo em quem delega levanta a mão para a criança. Porque não devia ser essa pessoa a fazê-lo, porque deveria ser o pai ou a mãe (ou qualquer outro responsável). Mas este acto desautoriza, como já disse, e é entendido como crítica à desresponsabilização que, bem lá no fundo está presente a remoer a consciência.
A ideia que perpassa é: eu delego naquela pessoa para educar mas não para castigar. Um bom sistema, embora provavelmente pouco eficaz a nível educativo uma vez que o castigo advém de uma pessoa não presente à infracção e, normalmente, algum tempo mais tarde - sendo que a criança muitas vezes nem liga o castigo à falta.
Mas como a sociedade actual tem por base a suspeita e a desresponsabilização, um pai não vai acreditar completamente no que o educador transmite àcerca do filho. E a criança aprende muito bem que tem uma espécie de imunidade em relação ao educador e ao pai. E joga com isso.
Eu levei muita réguada bem merecida, na primária, e acho que me fez bem. Quando não foi merecida, fazia barulho e queixava-me. Mas, também, foi o que os meus pais me ensinaram. Talvez porque tivesse uma mãe em casa, talvez porque a concepção de educação fosse diferente, mais empenhada, mais próxima e mais activa.
Tenho pena e medo das gerações vindouras porque, sem saberem o que é o respeito e sem saberem qual o seu lugar na sociedade, serão sempre inadaptadas e terão sempre todas as dificuldade em co-existir uns com os outros.
Por último queria apenas concluir que não defendo, de forma alguma, o P.e Acílio e que, desde já, o condeno de desconhecimento do mundo em que vive. De apanhar todos os ramos com que possa queimar-se na praça pública. Mas digo, também, a muito bons leitores que, indignados, tomaram conhecimento da acção do P.e Acílio e se insurgem, que gostava de os ver terem a coragem de se colocar na posição daquelas pessoas que não auferem mais que o estrictamente necessário para substistirem, que abdicam de uma vida pessoal para se dedicarem às crianças, pessoas cujos limites de paciência devem ser constantemente postos à prova, uma vez que têem pela frente crianças socialmente deseducadas.
Seria pois bom que não se queimasse o P.e Acílio antes de se acompanhar o seu trabalho. Eu pelo meu lado gostava que os jornalistas da Lusa me tivessem dito o que realmente pensaram sobre o impacto/força da bofetada, gostava também de saber se já têem filhos e gostava de saber se são cidadãos respeitadores. Afinal, o que fazem no seu artigo - de forma perfeitamente consciente - é uma acusação pública. E como eu sou um cidadão do meu tempo e, portanto, desconfio, não tenho uma total fé naquilo que a imprensa diz e sobretudo na forma como o diz.
A grande diferença é que eu desconfio sem complexos de culpa interiores e faço-o, portanto, por igual. Se calhar porque apanhei umas boas réguadas e porque me foi sempre dito porque é que as apanhava...
Reparo agora que não voltei a falar do Joãozinho...
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