quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Esse Covil



Chico Buarque - Tango do Covil


Ai, quem me dera se cantor
Quem dera ser tenor
Quem sabe ter a voz
Igual aos rouxinóis
Igual ao trovador
Que canta os arrebóis
Pra te dizer gentil
Bem-vinda
Deixa eu cantar tua beleza
Tu és a mais linda princesa
Aqui deste covil

Ai, quem me dera ser doutor
Formado em Salvador
Ter um diploma, anel
E voz de bacharel
Fazer em teu louvor
Discursos a granel
Pra te dizer gentil
Bem-vinda
Tu és a dama mais formosa
E, ouso dizer, a mais gostosa
Aqui deste covil

Ai, quem me dera ser garçom
Ter um sapato bom
Quem sabe até talvez
Ser um garçom francês
Falar de champinhon
Falar de molho inglês
Pra te dizer gentil
Bem-vinda
És tão graciosa e tão miúda
Tu és a dama mais tesuda
Aqui deste covil

Ai, quem me dera ser Gardel
Tenor e bacharel
Francês e rouxinol
Doutor em champinhon
Garçom em Salvador
E locutor de futebol
Pra te dizer febril
Bem-vinda
Tua beleza é quase um crime
Tu és a bunda mais sublime
Aqui deste covil

Confessionário (XXIV)

- Então e o João Gilberto?
- O que é que tem o João Gilberto?
- Não é Arte, o que ele faz?
- Não.
- Não venhas agora também dizer que é Filosofia!
- É mais do que Filosofia.
- ...
- Fenomenologia. Pura.

Confessionário (XXIII)

- Não gostas de Arte?! Como é que isso é possível?
- É, e pronto.
- Não acredito.
- Não digas a ninguém, mas...
- O quê?
- É que eu prefiro a Filosofia.

Cepticismo

Não acredito que se pense aquilo que não se consegue dizer. Mas porra.... às vezes parece.

Wittgenstein's Vienna

A minha pátria não é a Língua Portuguesa, por muito que eu a ame. Se a pátria de alguém tem de ser uma língua, então a minha pátria ainda não existe e só vai existir quando eu conseguir dizer com ela aquilo que penso que não sei dizer.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Será

que o Pedro Mexia se importa que eu substitua o Estado Civil pelo Registo Civil?

Civilização

Este site é uma homenagem ao avião e ao homem que pilotava o avião que lançou a bomba atómica sobre Hiroshima. E até vende miniaturas da bomba e do avião.

Maravilhas da tipografia*

* Uma dica do Posto de Escuta

O que é o jornalismo?

Não há jornalistas como os americanos. Enjaulam-nos dentro sua escrita do princípio ao fim de um artigo, da maneira mais vil e torpe que podem imaginar. Têm a audácia de opinar sobre os assuntos sem que se perceba e atrevem-se a ser engraçados sem que, para isso, estejam a relatar a última bebedeira de uma celebridade. Envolvem-nos dentro da notícia, são estilistas prodigiosos, têm uma escrita ágil e organizada. Não têm medo de usar palavras que pareçam ser exclusivamente utilizáveis no campo literário, nem de provocar mesmo as pessoas mais "respeitáveis". Não duvidando do controlo administrativo a que estarão sujeitos, penso que devem ter alguma norma editorial que os obrigue a discordar de alguma coisa (mesmo que seja alguma coisa da qual a administração também discorde). Para além de tudo isto, os jornalistas americanos têm o dom de tornar as banalidades interessantes, os seus títulos são apelativos sem revelar coisas que depois nos fariam deixar de ter vontade de ler a notícia. Quando dou uma volta pelo Público não preciso de lê-lo, bastam-me os títulos e os artigos de opinião. Mas o The New York Times é perverso, obriga-me a ler um artigo do título à última frase, mesmo que isso me ocupe 10 minutos. Mas são, quase sempre, 10 minutos de uma narrativa com swing.

domingo, fevereiro 25, 2007

Sabedoria de sala de projecções

Deixar de acreditar nos Óscares para, logo a seguir, começar a crer em Deus.

Superego

«Los públicos, como las multitudes, son intolerantes, orgullosos, fatuos, presuntuosos, y bajo el nombre de opinión ellos creen que todo les está permitido, incluso, pueden rechazar la verdad cuando les es contraria.»
Gabriel de Tarde, La Opinión y la Multitud, Taurus, Madrid, 1986 (original de 1901)

Não, o Sinatra não é responsável pela minha obsessão pelo swing. É isto.

A minha favorita.

(Até gosto destes vídeos horríveis de baixíssimo orçamento.)

______________
Já agora, o Sting tem um "álbum" pirata (curiosamente, para mim, o seu melhor álbum) chamado Complete Chicago Sessions que vou colocar no Rapidshare para sacarem um dia destes. Nem me lembro bem das horas que passei a ouvir este tema, com um som muito mais limpinho que o da versão You Tube, porque foi gravado num estúdio de rádio.

Off: o Sting não fica lá muito bem penteado e infelizmente largou aquela mania de abanar freneticamente a perna e tocar o seu belo baixo na vertical.

We could walk forever (not only on the Moon)

E cough rima com Nabokov

Sendin' out an S.O.S.

A minha banda favorita quando tinha 7 anos (e talvez aquela que ainda penso ser a melhor de sempre).

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Não é Suíço Nem é Duracell...

Tem cara de vilão, de vigarista, e contudo até parece que consegue mesmo aguentar uma nota por mais de 45 segundos... em yodel.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Poupem com Os melhores (e alguns dos piores textos)Branco Leone

Aqui está um devaneio de um dos meus bloggers favoritos. Um óptimo devaneio.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

espécie de Decreto Regulamentar

Os blogues deviam ser como as publicações periódicas: ninguém devia poder guardar nomes.

20 de Fevereiro sem máscara

Hoje afoguei-me
em dois livros muito chatos.

Adormeci a meio,
respirei os vapores da dispersão,
caguei para a abordagem etnometodológica
e para o tio Lévi-Strauss,
desejei que o Noam Chomsky
fosse carcomido
por uma qualquer espécie de napalm
e que o avô Max Weber tivesse sido preso por uma instituição disciplinar
insuportável.

Apesar do meu cansaço,
e como é óbvio,
estiveste (o tempo todo)
no meu Carnaval.

domingo, fevereiro 18, 2007

Post solidário

E se tivesses passado a tua adolescência a ouvir Chick Corea and The Return to Forever e a suspirar com o som do baixo do Stanley Clarke? E se, quando te ofereceram o teu primeiro discman, tivesses ido todos os dias para a escola a ouvir o Sunlight do Herbie Hancock que roubaste ao teu pai, e depois disso te tivesses sentido culpado por ter passado os teus miseráveis 13 ou 14 anos de vida sem ter ouvido o "Canteloupe Island" com a trompete do Freddie Hubbard? E se, já na adolescência, tivesses decorado num fim de semana todas as letras de uma compilação do Sinatra com mais de cinquenta canções? E se tivesses adormecido a tua irmã mais nova, quando era ainda recém nascida, ao som de "Pennies From Heaven", na versão da belíssima Sarah Vaughan? E se te tivesse sempre irritado que mais ninguém lá em casa conseguisse suportar a mirabolante versão de "Flying Home" vinda da garganta de Ella Fitzgerald, da banda e das bochechas do Dizzie Gillespie? E se tratasses o Tom Jobim, o Vinícius de Moraes e o Baden Powell por tu? E se tivesses descoberto, já praticamente adulto, que o Jobim, o Vinicius e o Baden não faziam sentido sem o João Gilberto? E se tivesses tido vontade de interpretar o "Samba de Uma Nota Só" como o Coleman Hawkins? E se não aceitasses que toda a gente pense que "Mas Que Nada" é uma composição dos Black Eyed Peas, e que nenhuma versão da canção supere a de Jorge Ben Jor no Samba Esquema Novo? E se, ainda por cima, tivesses tido a lata de gostar do José Mário Branco e do Fausto Bordalo Dias? E se te tivesses passado com o "Paranoid Android" dos Radiohead interpretado pelo Brad Meldhau? E se achasses que não há melhor para dançar que o Bossa Per Due do Nicola Conte? E se, durante umas semanas, não tivesses ouvido nada para além do João Carlos Martins a interpretar o Notenbüchlein der Anna Magdalena Bach? E se o Brel te fizesse chorar quando canta "Dans le Port d'Amsterdam"? Se achasses que o Piazzolla devia ter sido imortal? Enfim, como te compreendo.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Coisas.

Agora é que disseste tudo.

Ho-ooo-oooo-je eu não posso ficar

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Melhor Filme do Ano

Até agora achava que o melhor filme do ano tinha sido o Spike Lee, que tinha tudo o que levara o «Colisão» ao óscar e muito mais. De resto, o ano foi muito fraquito. E agora mesmo antes dos óscares chega-nos o «Contado ninguém acredita» (Stranger than Fiction), um filme delicioso que, sem grandes pretenciosismos, acaba por ser a melhor coisa que vi na grande tela nos últimos tempos. Fica só a recomendação, até porque o filme deve estar a sair das salas portuguesas no mesmo silêncio com que entrou.

Um grande filme com comédia romântica, teoria literária, contabilidade, culinária, surrealismo q.b., e muita inteligência... Claramente um filme como já não se fazem.

domingo, fevereiro 11, 2007

Um grande, grande post

Aqui.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Há Quem Diga

que a perfeição é inimiga da pressa

Luxúria

Big Bang

Eu, cá por mim, ponho sempre todos os ovos no mesmo cesto. Assim, quando se partem, ao menos não se partem sós.

O Público a cores

NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.

És Público, mas não és meu.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

«O nada nadifica»

significa que não conseguimos perceber o ser ou, sequer, uma projecção da existência do ser. Estando vivos, sendo, não conseguimos perceber o momento em que deixamos de ser ou, por outras palavras, a nossa partida para a ausência. Quer dizer que a fé tem limites, e que os limites da fé são os limites da linguagem.

É por estas coisas que eu prefiro a música. Ou o silêncio.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Aristeu... O Homem Perfeito


segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Desde o ano passado

Que não escrevia aqui. Esta história do Gmail arrumou-me por esquecimento da password, mas num rasgo de lembrança ela surgiu.

Um dia tudo em nosso redor será limitado por logins e passwords, e softwares que tentarão roubá-los para aceder a tudo o que tivermos , que será digital. E perdemos o controlo do mundo que criamos, tal como nunca o tivemos naquele que sempre nos rodeou. E os vírus, as bactérias e toda a bicharada que nos matou acaba replicada num mundo inventado, tão caótico quanto aquele que nos deu vida.

E de que morreu ele? Morreu de spyware, coitado. E antes de expirar, ainda fez surgir uma janela de casino online, e outra de sexy teens. Mas já não tinha vontade de fogar nem de joder, como os espanhóis.

O quarto vai reabrir. As minhas macacadas andam cá dentro aos saltos, preciso de as soltar!

Prof.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Um bigo, dois bigos, três bigos

As figuras públicas só detectam plágios e difamações porque são egocêntricas. Se não fossem, não se googlavam a si próprias.

Confessionário (XXII)

São duas e treze da madrugada e eu ontem ainda não bebi água.

Confessionário (XXI)

- Olha! Não sabia que a Margarida Rebelo Pinto tinha um blogue.
- Eu sei.
- Caralho! Esta vacarrona tem mesmo um blogue!
- Se até eu tenho por que é que ela não havia de ter também?

Muitos aplausos

para o momento machista do Sr. Eduardo - aqui.