sexta-feira, outubro 20, 2006

Rivolita

Em Portugal, as gentes do meio da cultura, um meio infelizmente tão pequeno que andam todos sempre às cotoveladas para poderem distinguir-se e sobressair, continuam a achar que a cultura nada tem que ver com a economia, com a gestão, com o comércio. Convinha que essas pessoas tão fechadas no seu mundinho (T. S. Eliot já dizia, há quase um século, que a cultura é tudo), passassem os olhos por uma discussão que há já algumas dezenas de anos decorreu na UNESCO e que definiu uma coisa chamada "mercadoria cultural".

A cultura só pode existir se houver dinheiro, a cultura não pode sobreviver de pedinchices e, sobretudo, a cultura nunca poderá estar dependente dos "outros". E se, por acaso, a cultura não é lucrativa em Portugal caberá aos agentes culturais assumir o seu "mea culpa", enfiar a viola no saco e deixar outros tentar fazer a coisa de forma melhor.

E quanto às manifestações, também lhes acho piada. Certamente que aquela gente que por lá se barricou tem dinheiro e emprego seguro, ou então é gente do mundo do espectáculo, tão insegura de si que sabe positivamente que a sua valia não vai ser considerada, caso mude a situação, em todos os casos deplorável. Desde quando é a cultura uma coisa estável e não precisa ter quem dela se encarregue de saber mudar e adaptar-se?

Detesto fados do choradinho e falta de visão. São coisas indignas da cultura, como o medo.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Voto!
Tens toda a razão, estes "artistas" (e apendices) têm, que de uma vez por todas, meter naquelas cabecinhas iluminadas que ou aliam a arte à realidade (que inevitavelmente implica gestão, economia...) ou têm dinheiro para se auto-financiar a si e às suas "obras de arte"!

20 outubro, 2006 10:29  
Blogger lampâda mervelha said...

Eu gostei daquela senhora, que entre as grades, lá foi dando um ponto da situação. Pasmei-me com um pormenor, "ahmm.. ainda temos bateria no telemóvel.."

Hasta la vitória... ou qualquer coisa que não dê muita chatice.

22 outubro, 2006 14:39  

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