Planeamento Estratégico
Eu não conduzo mas, por vezes, apanho boleias. Foi assim que fiquei a saber do extraordinário planeamento estratégico da EMEL. Falo do caso particular do parque da Calçada do Combro.
Passo a elucidar. Bem perto do Bairro Alto onde, como é do conhecimento comum, estacionar é tarefa que nem Hércules conseguiria levar a bom fim, fica este parque de vários andares que ou pertence ou é explorado pela EMEL. Quando uma pessoa entra dirige-se ao andar onde tem o carro e nesse andar, porque cada andar tem uma máquina para pagamento, paga.
Até aqui tudo vai bem mas imaginemos que o cidadão dedicado acha por bem que a EMEL também pague impostos e tenciona pedir uma factura. As hipóteses que se lhe apresentam são as seguintes:
a) pagar no seu andar e dirigir-se a pé à cabine que fica junto à saída. Fazendo isso deparam-se-lhe duas possibilidades:
a.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Caso tenha a sorte de o ver regressar terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário).
a.2) Se for uma alma afortunada e conseguir surpreender o funcionário naquela que devia ser a sua normal posição de trabalho, terá de esperar que este procure os impressos de factura, os introduza na impressora, inicie o programa de facturação e, caso este processo decorra dentro da normalidade, desde que nada encrave (nem programa nem impressos nem impressora, nem o funcionário - o que acontece habitualmente), terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário).
b) Meter-se na sua viatura e dirigir-se à saída. Aí e como o parque é estreito (parte propositada do planeamento) , poderão deparar-se-lhe algumas situações alternativas:
b.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Entretanto chega uma outra viatura atrás de si e como não há outra qualquer saída nem espaço para duas viaturas passarem (se tentar deslocar a sua viatura para um acesso a um andar superior ou inferior, pela lei de Murphy surgirá imediatamente uma outra viatura desse acesso) vai ter de conviver com as buzinadelas e impropérios dos outros utentes menos dedicados enquanto cidadãos. Caso tenha a sorte de ver regressar o famigerado funcionário terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário). Caso não veja o funcionário e se não sair do parque (o que o fará perder o direito a exigir a factura) no prazo máximo de 3 minutos, está a arriscar a sua saúde física bem como a saúde material da sua viatura.
b.2) Se for uma alma afortunada e conseguir surpreender o funcionário naquela que devia ser a sua normal posição de trabalho, terá de esperar que este procure os impressos de factura, os introduza na impressora, inicie o programa de facturação e, caso este processo decorra dentro da normalidade, desde que nada encrave (nem programa nem impressos nem impressora, nem o funcionário - o que acontece habitualmente). Entretanto chega uma outra viatura atrás de si e como não há outra qualquer saída nem espaço para duas viaturas passarem (se tentar deslocar a sua viatura para um acesso a um andar superior ou inferior, pela lei de Murphy surgirá imediatamente uma outra viatura desse acesso) vai ter de conviver com as buzinadelas e impropérios dos outros utentes menos dedicados enquanto cidadãos. Claro que terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário). Neste intervalo a sua saúde está gravemente ameaçada e a da sua viatura, abandonada à saída a poucos metros de si, está em risco grave.
Em súmula os resultados do planeamento resultam da seguinte forma:
1) A maior parte dos utentes tem de prescinde de exigir facturas.
2) Caso o utente seja insistente (e, como vimos, corajoso) deixará sempre mais uns cobres e ficará com os nervos em fanicos.
Ah, esquecia-me. Claro que transcorrido o tempo limite de saída e como na cabine não podem carregar o seu cartão de saída, tem de se deslocar a uma das máquinas para efectuar o pagamento.
Caso tenha optado anteriormente pela hipótese b, nunca chegará sequer a ver a máquina de pagamento uma vez que, no mínimo será violentamente espancado pelos vários utentes que não conseguem sair do parque.
Caso tenha optado anteriormente pela hipótese a, as hipóteses que se lhe apresentam são as seguintes:
a) pagar noutro andar uma vez que não há máquina de pagamento no andar da cabine e dirigir-se a pé à dita que fica junto à saída. Fazendo isso deparam-se-lhe duas possibilidades:
a.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Caso tenha a sorte de o ver regressar terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo...
E nem lhes conto como a Fnac do Chiado já instalou aquele novo sistema em que para pedir factura temos de ficar mais dois minutos em cada caixa... Para já não falar que na Fnac de Cascais qualquer pessoa que queira uma factura tem de se dirigir ao balcão exterior da loja e esperar numa fila única com as pessoas que vão apresentar queixas, trocar produtos, revelar fotos, engatar as meninas, etc, para pedir uma factura.
De facto somos um país de miserabilismos onde ninguém tem vergonha na cara e as autoridades competentes continuam a perseguir os pobres coitados dos cidadãos que fazem um ou dois desvios menores no pagamento dos seus impostos...
Passo a elucidar. Bem perto do Bairro Alto onde, como é do conhecimento comum, estacionar é tarefa que nem Hércules conseguiria levar a bom fim, fica este parque de vários andares que ou pertence ou é explorado pela EMEL. Quando uma pessoa entra dirige-se ao andar onde tem o carro e nesse andar, porque cada andar tem uma máquina para pagamento, paga.
Até aqui tudo vai bem mas imaginemos que o cidadão dedicado acha por bem que a EMEL também pague impostos e tenciona pedir uma factura. As hipóteses que se lhe apresentam são as seguintes:
a) pagar no seu andar e dirigir-se a pé à cabine que fica junto à saída. Fazendo isso deparam-se-lhe duas possibilidades:
a.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Caso tenha a sorte de o ver regressar terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário).
a.2) Se for uma alma afortunada e conseguir surpreender o funcionário naquela que devia ser a sua normal posição de trabalho, terá de esperar que este procure os impressos de factura, os introduza na impressora, inicie o programa de facturação e, caso este processo decorra dentro da normalidade, desde que nada encrave (nem programa nem impressos nem impressora, nem o funcionário - o que acontece habitualmente), terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário).
b) Meter-se na sua viatura e dirigir-se à saída. Aí e como o parque é estreito (parte propositada do planeamento) , poderão deparar-se-lhe algumas situações alternativas:
b.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Entretanto chega uma outra viatura atrás de si e como não há outra qualquer saída nem espaço para duas viaturas passarem (se tentar deslocar a sua viatura para um acesso a um andar superior ou inferior, pela lei de Murphy surgirá imediatamente uma outra viatura desse acesso) vai ter de conviver com as buzinadelas e impropérios dos outros utentes menos dedicados enquanto cidadãos. Caso tenha a sorte de ver regressar o famigerado funcionário terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário). Caso não veja o funcionário e se não sair do parque (o que o fará perder o direito a exigir a factura) no prazo máximo de 3 minutos, está a arriscar a sua saúde física bem como a saúde material da sua viatura.
b.2) Se for uma alma afortunada e conseguir surpreender o funcionário naquela que devia ser a sua normal posição de trabalho, terá de esperar que este procure os impressos de factura, os introduza na impressora, inicie o programa de facturação e, caso este processo decorra dentro da normalidade, desde que nada encrave (nem programa nem impressos nem impressora, nem o funcionário - o que acontece habitualmente). Entretanto chega uma outra viatura atrás de si e como não há outra qualquer saída nem espaço para duas viaturas passarem (se tentar deslocar a sua viatura para um acesso a um andar superior ou inferior, pela lei de Murphy surgirá imediatamente uma outra viatura desse acesso) vai ter de conviver com as buzinadelas e impropérios dos outros utentes menos dedicados enquanto cidadãos. Claro que terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo para abandonar o parque e terá de pagar de novo (nota: não adianta discutir com o funcionário). Neste intervalo a sua saúde está gravemente ameaçada e a da sua viatura, abandonada à saída a poucos metros de si, está em risco grave.
Em súmula os resultados do planeamento resultam da seguinte forma:
1) A maior parte dos utentes tem de prescinde de exigir facturas.
2) Caso o utente seja insistente (e, como vimos, corajoso) deixará sempre mais uns cobres e ficará com os nervos em fanicos.
Ah, esquecia-me. Claro que transcorrido o tempo limite de saída e como na cabine não podem carregar o seu cartão de saída, tem de se deslocar a uma das máquinas para efectuar o pagamento.
Caso tenha optado anteriormente pela hipótese b, nunca chegará sequer a ver a máquina de pagamento uma vez que, no mínimo será violentamente espancado pelos vários utentes que não conseguem sair do parque.
Caso tenha optado anteriormente pela hipótese a, as hipóteses que se lhe apresentam são as seguintes:
a) pagar noutro andar uma vez que não há máquina de pagamento no andar da cabine e dirigir-se a pé à dita que fica junto à saída. Fazendo isso deparam-se-lhe duas possibilidades:
a.1) Chega lá e dá com o nariz na porta uma vez que o funcionário desapareceu parta parte incerta. Caso tenha a sorte de o ver regressar terá sempre passado o tempo suficiente para ter sido ultrapassado o limite de tempo...
E nem lhes conto como a Fnac do Chiado já instalou aquele novo sistema em que para pedir factura temos de ficar mais dois minutos em cada caixa... Para já não falar que na Fnac de Cascais qualquer pessoa que queira uma factura tem de se dirigir ao balcão exterior da loja e esperar numa fila única com as pessoas que vão apresentar queixas, trocar produtos, revelar fotos, engatar as meninas, etc, para pedir uma factura.
De facto somos um país de miserabilismos onde ninguém tem vergonha na cara e as autoridades competentes continuam a perseguir os pobres coitados dos cidadãos que fazem um ou dois desvios menores no pagamento dos seus impostos...
8 Comments:
Maravilhoso (não adianta discutir).*
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e bater, será que adianta?
fiquei com uma vontade louca de pregar um chapada a esse funcionário - na falta das autoridades competentes...quem se F*** é o mexilhão (poderia ter substituido o F*** por "lixa" mas o efeito não seria o mesmo)e, por amor de Deus alguém que me cale!
A cabine é blindada e entra-se por uma porta traseira... não se pode agredir o dito. Além do mais ele deve tar a cumprir ordens...
História deliciosa.
Viaturas, utentes, funcionários...
O esplendor literário da GNR é assim.
D.
Ahhhh... é tão bom viver aqui!
Está tudo muito bem, mas as máquinas emitem recibos. Está lá um botão para isso mesmo.
recibo sim, factura não. :)
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