História sem Proveito e de Nenhum Exemplo
Não sendo, como não sou, um orador excepcional e muito menos um escritor, é com imenso prazer que vivo aquelas situações do dia-a-dia que antecipam sob a forma de exemplo perfeito aquilo que quero dizer.
Assim, há uns tempos, estando eu no meu habitual posto de trabalho (que, para o caso, interessa informar que é sito no começo de uma descida íngreme no Bairro Alto, muito perto do velho edifício do Conservatório) ouço, como ouvimos todos os que nas habituações contíguas à rua estavam, um grito de socorro. O primeiro grito passa mais ou menos despercebido mas, ao segundo grito, mais alto e mais aflito, soerguemo-nos e dirigimo-nos à rua para se nos deparar uma das mais surrealistas viões que se podem oferecer. Assim, a meio da rampa, um homem sem nada de relevante no aspecto da sua pessoa segurava com uma mão um carrinho de bebé e com a outra impedia um Smart (sim, um daqueles carritos da Mercedes do tamanho de um terço de carro normal) de esbarrar na parede de um dos prédios.
Imediatamente acorreu gente, empurrou-se o carro para um passeio, chamou-se a polícia enquanto o transeunte relatava esbaforido como de repente depois de ter passado o carro na descida levando o seu filho no veículo próprio, vê o automóvel que passou ainda há instantes partir em sua perseguição.
«Que perigo», comenta uma vizinha. «Podia ter esmagado a criança», evidencia outra. Estranhamente ouvimos o pai dizer: «E a mim.»
Com efeito, a imagem que mais me passou pela cabeça foi a do genérico dos desenhos animados do super-homem de há uns anos quando fazia parar uma locomotiva com uma só mão.
Carro parado por estratagemas que me ultrapassam, apurou-se que a sua proprietária seria uma jovem aluna do conservatório que, avistada por uma vizinha do 3º andar, teria parado o carro à pressa, arrancado uma pasta com papéis às entranhas do bólide e em alta velocidade, desaparecido na direcção da nobre instituição de ensino.
Lá encontrada pela polícia e trazida até junto do seu veículo, a jovem foi informada do sucedido, parte da informação vindo do pai ameaçado da criança em carrinho de bebé. Depois de longa conversa reconstrutiva da situação havida pela polícia e interveniente directo, à jovem apenas se lhe ofereceu dizer «O meu carro estava travado.»
A convite de um polícia abriu a porta e conferiu que o Smart estava destravado. Ouvímo-la uma vez mais: «O meu carro ficou travado.» Perante os inúmeros insurgimentos a jovem não fez mais que repetir a informação de que o carro estava travado, acabando por, depois de travar o dito, continuar a fazê-lo com ar cada vez mais irritado e concluíndo um virar de costas aos presentes com um «Mas vocês são surdos? Já vos disse que o travei, porra!»
A verdade é que, depois dos momentos imediatos de espanto, os polícias entreolharam-se e voltaram à esquadra e cada um dos transeuntes e mirones voltou ao seu lugar como depois da banda passar.
Tirai disso as vossas ilações. Sic transit gloria mundi...
Assim, há uns tempos, estando eu no meu habitual posto de trabalho (que, para o caso, interessa informar que é sito no começo de uma descida íngreme no Bairro Alto, muito perto do velho edifício do Conservatório) ouço, como ouvimos todos os que nas habituações contíguas à rua estavam, um grito de socorro. O primeiro grito passa mais ou menos despercebido mas, ao segundo grito, mais alto e mais aflito, soerguemo-nos e dirigimo-nos à rua para se nos deparar uma das mais surrealistas viões que se podem oferecer. Assim, a meio da rampa, um homem sem nada de relevante no aspecto da sua pessoa segurava com uma mão um carrinho de bebé e com a outra impedia um Smart (sim, um daqueles carritos da Mercedes do tamanho de um terço de carro normal) de esbarrar na parede de um dos prédios.
Imediatamente acorreu gente, empurrou-se o carro para um passeio, chamou-se a polícia enquanto o transeunte relatava esbaforido como de repente depois de ter passado o carro na descida levando o seu filho no veículo próprio, vê o automóvel que passou ainda há instantes partir em sua perseguição.
«Que perigo», comenta uma vizinha. «Podia ter esmagado a criança», evidencia outra. Estranhamente ouvimos o pai dizer: «E a mim.»
Com efeito, a imagem que mais me passou pela cabeça foi a do genérico dos desenhos animados do super-homem de há uns anos quando fazia parar uma locomotiva com uma só mão.
Carro parado por estratagemas que me ultrapassam, apurou-se que a sua proprietária seria uma jovem aluna do conservatório que, avistada por uma vizinha do 3º andar, teria parado o carro à pressa, arrancado uma pasta com papéis às entranhas do bólide e em alta velocidade, desaparecido na direcção da nobre instituição de ensino.
Lá encontrada pela polícia e trazida até junto do seu veículo, a jovem foi informada do sucedido, parte da informação vindo do pai ameaçado da criança em carrinho de bebé. Depois de longa conversa reconstrutiva da situação havida pela polícia e interveniente directo, à jovem apenas se lhe ofereceu dizer «O meu carro estava travado.»
A convite de um polícia abriu a porta e conferiu que o Smart estava destravado. Ouvímo-la uma vez mais: «O meu carro ficou travado.» Perante os inúmeros insurgimentos a jovem não fez mais que repetir a informação de que o carro estava travado, acabando por, depois de travar o dito, continuar a fazê-lo com ar cada vez mais irritado e concluíndo um virar de costas aos presentes com um «Mas vocês são surdos? Já vos disse que o travei, porra!»
A verdade é que, depois dos momentos imediatos de espanto, os polícias entreolharam-se e voltaram à esquadra e cada um dos transeuntes e mirones voltou ao seu lugar como depois da banda passar.
Tirai disso as vossas ilações. Sic transit gloria mundi...
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