quinta-feira, outubro 26, 2006

Ideias brilhantes que, de simples, não ocorrem aos "futuros" escritores portugueses, ou metamos-lhes juízo naquelas cabecinhas

1 - É conveniente que tenham lido mais do que meia dúzia de livros antes de se acharem suficientemente bons para publicar.

2 - Sim, há várias editoras portuguesas a apostar em autores portugueses só que os senhores autores não lêem, logo adoptam a posição senso comum de que as editoras não apostam.

3 - Não, de facto, a poesia não dá qualquer dinheiro aos editores por mais apoios e todas as ajudas conseguidas. A tiragem média de um livro de poesia em Portugal, incluíndo grandes clássicos, é de 150 a 200 exemplares. Isso não compensa. Do teatro então, nem se fala.

4 - Não, a Florbela Espanca não é o último grito em poesia feminina.

5 - Não, não há literatura séria e a outra. Há aquela literatura que pode ser vendida e a literatura que fica nos armazéns.

6 - Sim, é possível escrever boa literatura usando temas atractivos para um público mais generalista. É preciso é talento.

7 - Sim, vou voltar a repetir: é preciso ler IMENSOOOOOOOOOOOOOOOO para se conseguir escrever bem e isso não basta; é preciso talento.

8 - Pois, é conveniente mostrar que se sabe alguma coisa sobre a editora à qual se apresenta um original.

9 - Sim, a literatura também é um negócio.

10 - São poucos os casos de livros famosos que não foram comerciais no seu tempo e noutras alturas.

11 - Só se pode ser um bom escritor (ou um mau escritor mas que venda) se se tiver uma muito grande cultura geral e bom sentido crítico - que se adquire lendo muito, entre outras coisas. Em alternativa a isto, pode ser-se um génio.

12 - A percentagem de génios face ao "resto da população" será de 1 para 5.000.000 (mais ou menos).

13 - A probabilidade de você ser um dos dois génios portugueses é praticamente nula.

14 - Mesmo os génios têm geral de trabalhar

14.1 - Em geral os génios só são reconhecidos tardiamente.

15 - Convém perguntar às pessoas a quem se deu o livro a ler o que acham de elementos importantes do livro e não apenas contentar-se com a opinião de que o livro "é muito bom".

16 - Sim, mesmo as pessoas importantes do meio literário costumam dizer isso de um livro (sem terem lido mais que algumas páginas, se é que leram).

17 - Sim, cabe em primeira mão ao autor meditar em que é que o seu livro é diferente, mais importante, inovador ou comercial, que outros títulos disponíveis no mercado.

18 - Sim, convém saber que é um mercado e que há outros livros nele.

19 - Não, não vale a pena enviar livros por e-mail. Os editores não os imprimem para ler.

20 - As editoras que dizem que sim a tudo raramente conseguem colocar os livros no mercado.

3 Comments:

Blogger Cortez said...

Para mim, este é provavelmente o post mais importante que já li num blog, e chega numa altura em que realmente precisava dele.

E já o li duas vezes. E vou ler mais vezes, para o interiorizar até aos ossos. Até os dois génios portugueses o deviam ler atentamente.

Muito obrigado grande Salvador_Daqui!

26 outubro, 2006 15:44  
Blogger T said...

Post super super genial... Nunca te convidaram para escrever um 'The Publishing Industry for Dummies'?

26 outubro, 2006 17:22  
Blogger Salvador Daqui said...

infelizmente não :P

26 outubro, 2006 18:34  

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