Elitismo Consciente ou De Como eu Aprecio a Honestidade Alexandrina
«Minha empregada estava me contando duma vizinha dela que disse que operou o pênis, querendo dizer que operou o apêndice, e rimos muito da burrice dessa mulher. Depois nos lembramos duma cozinheira que dizia que tinha problema no figo, querendo dizer que era no fígado. Minha empregada se engasgou de tanto rir. Só uma pessoa morta não riria disso, ou alguém que acabou de fazer faculdade de letras. No último caso é porque lhe ensinaram na faculdade que, desde que consiga se comunicar, ninguém fala errado. Se você encontrar um anúncio de jornal oferecendo os serviços de uma “cosinheira”, não pode rir, porque você entendeu o que ela quis dizer, não entendeu, seu espertinho, e a comunicação foi perfeita. E a minha empregada não pode rir disso também, porque o aluno da faculdade de letras é capaz de zombar dela no seu blog. Para ele, minha empregada não é esclarecida o suficiente. Grande. Antes zombávamos dos pobres porque eles falavam tudo errado, e agora podemos zombar dos pobres porque eles não sabem que ninguém fala errado.»
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