quarta-feira, setembro 20, 2006

De Dignitatis

Nesta segunda-feira, espreitava eu o programa «Prós e Contras» e ouço dizer a um senhor Professor recentemente retirado, bem como a um representante da FENPROF, que é preciso devolver ao professor a dignidade e autoridade de que foram destituídos. A salva de palmas que inundou o auditório onde decorria o programa pareceu justificar um acordo total de dezenas de professores.

Hoje de manhã, ao ver as reacções das mais diversas entidades e personalidades à nomeação do Juíz Pinto Monteiro, surge um representante da associação ou ordem (confesso que me escapou) dos Magistrados que defendia vivamente que esta nomeação deveria trazer de volta a dignidade e autoridade dos magistrados.

As coisas que se depreendem destas reclamações são muitas e cada qual mais assustadora que as anteriores. Depreendemos que os juízes sentem que estão desautorizados, o mesmo sentem os professores e o mesmo sentiram várias classes profissionais em Portugal. Com efeito o nosso país tem, de há longos anos, um problema grave com a autoridade. Se antes do 25 de Abril esta era exercida com despotismo e num regime tirânico, até aos nossos dias a autoridade não entra com facilidade nos nossos hábitos. Mas isso é compreensível: num país onde o principal modus operandi é o escamoteio da responsabilidade, nunca poderá a autoridade exercer-se com equilíbrio.

Os pais que não exercem autoridade são os primeiros a intervir violentamente quando um professor, nas mais das vezes, justificadamente aplica um bom tabefe no gaiato. Os juízes portugueses envolvem-se em discussões desportivas nas quais se portam pior que crianças e não levam tabefes por causa do status quo...

Os exemplos sucedem-se, mas chegamos ao ponto de perguntar quem afinal é responsável pela desautorização, pela "desdignificação"? Meus amigos, creiam-me, são os próprios.

Em Portugal em vez de se unirem as classes preferem as pequenas guerras internas; em vez de exigirem as grandes mudanças, passam o tempo todo a lutar pelas insignificâncias; em vez de serem profissionais, são brejeiros amadores. Claro que há excepções, mas... são elas que fazem a regra.

2 Comments:

Blogger Cortez said...

Foi esse o padre que durante a entrevista em que dizia não haver violência física deu um bom tabefe num gaiato? Essa cena é memorável!

20 setembro, 2006 16:59  
Blogger lampâda mervelha said...

Eu levei tanta reguada nestas mãos... e nunca resultava...

20 setembro, 2006 17:47  

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