quinta-feira, julho 20, 2006

Aviso à Navegação

Queria apenas avisar que, dado o conteúdo dos mais recentes posts neste blogue, poderão os leitores ser levados a pensar que o teor do dito é diferente do que é na realidade.

Assim e depois de avisar os navegantes sobre este facto fica outro aviso à nagegação:


Alto aí!
Aviso à navegação!
Eu não morri: ´
Estou aqui na ilha sem nome,
sem latitude nem longitude,
perdida nos mapas,
perdida no mar
Tenebroso!
Sim, eu, o perigo para a navegação!,
o dos saques e das abordagens,
o capitão da fragata
cem vezes torpedeada,
cem vezes afundada,
mas sempre ressuscitada!

Eu que aportei
com os porões inundados,
as torres desmoronadas,
os mastros e os lemes quebrados
- mas aportei!

E não espereis de mim a paz...

Aviso à navegação
Não espereis de mim a paz!
Que quanto mais me afundo
maior é a minha ânsia de salvar-me!

Que quanto mais um golpe me decepa
maior é a minha força de luar!

Não espereis de mim a paz!
Que na guerra
só conheço dois destinos
ou vencer - ai dos vencidos! -
ou morrer sob os escombros
da luta que alevantei!

- (Foi jeito que me ficou,
não me sei desinteressar
do jogo que me jogar.)

Não espereis de mim a paz,
aviso à navegação!

Não espereis de mim a paz
que vos não sei perdoar!

"Aviso à navegação" por Joaquim Namorado in Torres, Alexandre Pinheiro (pref., org. e notas), O novo cancioneiro, Caminho, Lisboa, 1989