Mais uma machadada no livre arbítrio
As escolas vão passar a proibir nas suas cantinas e bares a venda de gomas, bolos com creme, refrigerantes e outras coisas que fazem mal e engordam. Tem a sua piada. É certamente mais outra admissão clara do fracasso da educação. E falo da educação na escola, pois em casa já se sabe que há sempre gomas, bolos com creme, refrigerantes e outros que tais.
Será que os professores não conseguiram passar a mensagem? Nas aulas de (os nomes das cadeiras são os do meu tempo, que agora o mundo já deu mais voltas) Biologia, Ciências Naturais (ou da Natureza), Saúde, etc, ninguém consegue explicar aos putos que estas coisas devem ser comidas comedidamente?
Pois é: a solução, mais uma, vez é proibir. Como há muitos anos fizeram com os «Maias» (nunca teve o romance queirosiano tanto leitor como na altura em que era uma obra pecaminosa e suja que descrevia o incesto).
Os problemas graves que daqui se depreendem são dois. A saber: a) os professores não conseguem transmitir mensagens aos alunos; b) a solução para um problema é, como já disse, a proibição.
Mas esta gente não tem tino? Não sabem, porventura, que o fruto proibido é SEMPRE o mais apetecido? Eu bem me lembro quando estava na primária e proibiram as bombinhas de Carnaval e a sua venda nas proximidades das escolas. E de facto deixaram de ser vendidas nas proximidades das escolas. Mas também é verdade que nunca vi tantas bombinhas como as que apareram após a proibição.
Se a história da proibição é, em si, grave, é também prova de que, mais uma vez, os intelectos que tomam as decisões em Portugal são, entre outras coisas, cegos, surdos e mudos - para além de não viverem em Portugal mas na terra do nunca-nunca. O mais grave é mesmo o facto de os professores não passarem a sua mensagem, qualquer que ela seja. Num país onde a taxa de literacia (como detesto este termo) é o que é, alguém tem de ter culpa.
Reduzamos então a questão a hipóteses:
1 - As crianças e jovens, são realmente estúpidos, tapados e burros.
2 - Os professores são realmente mudos, tapados e estúpidos.
Bem todos sabemos que a generalização não serve em questões destas. Há alunos brilhantes e professores extraordinários. Mas são uma minoria.
E agora passo a falar um bocadito da minha experiência: a maior parte dos professores que tive no meu percurso escolar era totalmente, ou pelo menos em boa parte, incapaz de transmitir qualquer tipo de mensagem. Não sabiam motivar os alunos, eram pessoas inseguras, incultas, sem poder de palavra, sem interesses próprios, humanamente vazios e que pareciam viver isolados do mundo. Convém aqui referir que o "isolamento do mundo" é uma característica que atribuí a estes professores pela total incapacidade de relacionamento que mostravam.
Quando um professor não sabe falar a linguagem dos seus alunos, falha. Não pode fazer mais nada. O professor deve, acima de tudo, conhecer o mundo dos alunos, a sua linguagem, os seus referentes, porque é através deles que deve motivar os alunos para aquilo que pretende transmitir.
E já que estamos em maré de críticas, aproveito para clarificar que só se transmite e ensina pela motivação. Tudo o resto são métodos falsos. E também se ensina pela proibição: os americanos fizeram isso quando, aqui há uns anos, proibiram nas escolas as gomas, os bolos com creme e os refrigerantes, entre outros. As crianças continuaram a engordar e a ter mais problemas. Porque a procura desses "petiscos" continuou, e finalmente chegou-se ao ponto de ver que havia miúdos que não vinham à escola ou faltavam às aulas para ir comer (coisas que fazem mal).
No meio disto tudo e desculpem-me por, mais uma vez, ter extrapolado um pouco e aproveitado para despejar algumas críticas que bem me apetecia despejar, no meio disto tudo, dizia, o grave é a admissão de que as crianças não são capazes de fazer escolhas. A ideia de que o conhecimento se transmite pelo condicionamento, a admissão do fracasso da mensagem, a machadada no livre arbítrio.
Daqui a uns dias quero voltar a este assunto porque isto foi meramente um desabafo. Mas agradecem-se mais achas para a fogueira.
Será que os professores não conseguiram passar a mensagem? Nas aulas de (os nomes das cadeiras são os do meu tempo, que agora o mundo já deu mais voltas) Biologia, Ciências Naturais (ou da Natureza), Saúde, etc, ninguém consegue explicar aos putos que estas coisas devem ser comidas comedidamente?
Pois é: a solução, mais uma, vez é proibir. Como há muitos anos fizeram com os «Maias» (nunca teve o romance queirosiano tanto leitor como na altura em que era uma obra pecaminosa e suja que descrevia o incesto).
Os problemas graves que daqui se depreendem são dois. A saber: a) os professores não conseguem transmitir mensagens aos alunos; b) a solução para um problema é, como já disse, a proibição.
Mas esta gente não tem tino? Não sabem, porventura, que o fruto proibido é SEMPRE o mais apetecido? Eu bem me lembro quando estava na primária e proibiram as bombinhas de Carnaval e a sua venda nas proximidades das escolas. E de facto deixaram de ser vendidas nas proximidades das escolas. Mas também é verdade que nunca vi tantas bombinhas como as que apareram após a proibição.
Se a história da proibição é, em si, grave, é também prova de que, mais uma vez, os intelectos que tomam as decisões em Portugal são, entre outras coisas, cegos, surdos e mudos - para além de não viverem em Portugal mas na terra do nunca-nunca. O mais grave é mesmo o facto de os professores não passarem a sua mensagem, qualquer que ela seja. Num país onde a taxa de literacia (como detesto este termo) é o que é, alguém tem de ter culpa.
Reduzamos então a questão a hipóteses:
1 - As crianças e jovens, são realmente estúpidos, tapados e burros.
2 - Os professores são realmente mudos, tapados e estúpidos.
Bem todos sabemos que a generalização não serve em questões destas. Há alunos brilhantes e professores extraordinários. Mas são uma minoria.
E agora passo a falar um bocadito da minha experiência: a maior parte dos professores que tive no meu percurso escolar era totalmente, ou pelo menos em boa parte, incapaz de transmitir qualquer tipo de mensagem. Não sabiam motivar os alunos, eram pessoas inseguras, incultas, sem poder de palavra, sem interesses próprios, humanamente vazios e que pareciam viver isolados do mundo. Convém aqui referir que o "isolamento do mundo" é uma característica que atribuí a estes professores pela total incapacidade de relacionamento que mostravam.
Quando um professor não sabe falar a linguagem dos seus alunos, falha. Não pode fazer mais nada. O professor deve, acima de tudo, conhecer o mundo dos alunos, a sua linguagem, os seus referentes, porque é através deles que deve motivar os alunos para aquilo que pretende transmitir.
E já que estamos em maré de críticas, aproveito para clarificar que só se transmite e ensina pela motivação. Tudo o resto são métodos falsos. E também se ensina pela proibição: os americanos fizeram isso quando, aqui há uns anos, proibiram nas escolas as gomas, os bolos com creme e os refrigerantes, entre outros. As crianças continuaram a engordar e a ter mais problemas. Porque a procura desses "petiscos" continuou, e finalmente chegou-se ao ponto de ver que havia miúdos que não vinham à escola ou faltavam às aulas para ir comer (coisas que fazem mal).
No meio disto tudo e desculpem-me por, mais uma vez, ter extrapolado um pouco e aproveitado para despejar algumas críticas que bem me apetecia despejar, no meio disto tudo, dizia, o grave é a admissão de que as crianças não são capazes de fazer escolhas. A ideia de que o conhecimento se transmite pelo condicionamento, a admissão do fracasso da mensagem, a machadada no livre arbítrio.
Daqui a uns dias quero voltar a este assunto porque isto foi meramente um desabafo. Mas agradecem-se mais achas para a fogueira.
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