sexta-feira, março 02, 2007

Algumas considerações sobre o meu fantasma sério

Estou farta do meu fantasma sério.
Finge que não me conheces, vá.
E não me venhas dizer que não és sério.
Tu sabes muito bem que só pode não ser sério quem se marimba para as asneiras que faz.
Só é sério quem diz não ao não dizível, sem se atrever a pensar nele.

O meu fantasma sério tem culpa.
Tu não tens culpa no cartório, eu sei.
Mas é só porque nunca casaste.
(Ou porque nunca levaste o casamento a sério.)

O meu fantasma sério não fala.
Tu não falas, tu doutrinas.
Chato, chato, chato.
Mais três vezes.

O meu fantasma sério é um bicho de sete cabeças.
Isto tudo porque, de outra forma, não poderia justificar o facto de tu não deveres muito à coerência.

O meu fantasma sério diz que não é sério.
Mas só queres evitar que eu me torne séria.
Como se não ser sério fosse uma qualidade.

O meu fantasma sério nunca foi meu amigo.
Só porque não quiseste.

O meu fantasma sério sabe que já estava perdoado antes de me magoar.
Deve ter sido por isso que continuaste a magoar-me.

O meu fantasma sério deve pensar que eu vou voltar a falar com ele.
Mas eu não te falo se não deixares de ser sério.

O meu fantasma sério é sério como um pai.
Logo, nunca me devias ter visto nua.