Crónica do Ecoponto
Uma notícia do DN de hoje, de Sandra Leitão, diz-nos que «Ainda a Vaca Piu-Piu não estava exposta havia 24 horas, e já tinha sido completamente vandalizada.». O texto continua com testemunhos de pessoas que se deslocaram neste dia à Baixa Lisboeta para visitar a Cow Parade, entre as quais se destaca o de um senhor - cuja graça é, ironicamente, Arsénio - que afirma que a única solução é encarcerar «as obras (...) dentro de uma cúpula acrílica e com rede electrificada à volta». Entre os curiosos, parece haver mesmo uma senhora indignadíssima que chega a não conseguir conter as lágrimas...
Parece-me igóbil o que fizeram às vaquinhas, mas a comiseração por obras de arte vandalizadas ou em risco de o serem também deve estar a tornar-se numa moda. Ainda outro dia, na exposição sobre a vida e obra de Frida Khalo (no CCB) uma senhora do staff (desculpem o estrangeirismo) pedia a um visitante para não ultrapassar a linha que indica a distância recomendada para ver as obras. Logo de seguida, um bom intelectual, como seria de esperar, decide fazer o seu próprio comentário: «Até porque os quadros devem ser vistos de longe!». Os míopes que se cuidem, porque os centros de exposições não cuidam de iluminar de forma adequada as obras que expõem, e teimam em fazer reinar a arbitrariedade quando se trata de decidir quais os quadros que devem ou não ter um vidro de protecção (contra o mortífero bafo humano).
Também me estranha que, além das vacas artísticas, não haja mais gente a chorar pelos autocarros e pelos comboios (quero dizer, pelos objectos em si, e não enquanto viajam neles, porque chorar em público é uma coisa muito feia), pelas pastilhas elásticas que os filhos deixam debaixo das mesas das salas de aula das suas escolas, ou pelo tiquete da charcutaria que, geralmente, voa sempre das mãos das pessoas para o chão dos estabelecimentos comerciais; ou, talvez ainda, pela reciclagem que não fazem. O que é mais chato é o facto de, por um lado, nunca sermos entrevistados por coisas tão banais e, por outro lado, não ser tão chique indignarmo-nos por filigranas destas.
Parece-me igóbil o que fizeram às vaquinhas, mas a comiseração por obras de arte vandalizadas ou em risco de o serem também deve estar a tornar-se numa moda. Ainda outro dia, na exposição sobre a vida e obra de Frida Khalo (no CCB) uma senhora do staff (desculpem o estrangeirismo) pedia a um visitante para não ultrapassar a linha que indica a distância recomendada para ver as obras. Logo de seguida, um bom intelectual, como seria de esperar, decide fazer o seu próprio comentário: «Até porque os quadros devem ser vistos de longe!». Os míopes que se cuidem, porque os centros de exposições não cuidam de iluminar de forma adequada as obras que expõem, e teimam em fazer reinar a arbitrariedade quando se trata de decidir quais os quadros que devem ou não ter um vidro de protecção (contra o mortífero bafo humano).
Também me estranha que, além das vacas artísticas, não haja mais gente a chorar pelos autocarros e pelos comboios (quero dizer, pelos objectos em si, e não enquanto viajam neles, porque chorar em público é uma coisa muito feia), pelas pastilhas elásticas que os filhos deixam debaixo das mesas das salas de aula das suas escolas, ou pelo tiquete da charcutaria que, geralmente, voa sempre das mãos das pessoas para o chão dos estabelecimentos comerciais; ou, talvez ainda, pela reciclagem que não fazem. O que é mais chato é o facto de, por um lado, nunca sermos entrevistados por coisas tão banais e, por outro lado, não ser tão chique indignarmo-nos por filigranas destas.
2 Comments:
Eu aviso sempre as pessoas que deixam cair o bilhete do metro quando dele saiem. Normalmente as pessoas agradecem com um ar contrangido, apanham-no e deitam-no nos recipientes que existem para o efeito. Acho que deviamos sempre avisar o nosso semelhante quando deixa cair algo.
Hi! Just want to say what a nice site. Bye, see you soon.
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