quinta-feira, dezembro 28, 2006

Cordas de nylon, voz de seda (para começar bem o ano ou uma espécie de 'Gostar de homens', como faz a Bomba Inteligente)



(Depois de três dias a morrer de alegria, já me sinto suficientemente madura para morrer de samba - e também não percebo como é que a vaquinha da Astrud trocou o João pelo Stan Getz)

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Vejam o presente de Natal que eu descobri



(quem me dera saber cantar, tocar e falar assim - e fazer alguém acreditar que uma pessoa consegue ser maravilhosa como o Joãozinho sem dormir há um mês)

sexta-feira, dezembro 22, 2006

TLEBS

Já não tenho paciência.

Diálogo de Vanguardas (sem links nem nada que esteja na moda - um misto de crítica de arte e câmara escura com tela grande, sei lá)

Amadeo era melhor que Amedeo, apesar de ambos serem muito amigos (e de me ter apetecido levar aquela escultura estranhíssima para casa).

Nota: esperemos que ninguém se lembre de pôr o Joaquim de Almeida a representar Amadeo.

Confesso que,

no último post do Estado Civil, A crueldade e a falsidade, não noto qualquer diferença entre Pedro Mexia e Oprah Winfrey.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

O Herói Amoral

Robert Ervin Howard viveu trinta anos após o seu nascimento em 1906. Contudo, a sua importância é central para aquilo que pode designar-se como literatura popular ou de massas (não confundir com literatura tradicional). Criou uma personagem cujas características vieram pôr em causa todo o paradigma do herói de acção na literatura (e não só).

Conan, o bárbaro, guerreiro cimério de uma época antiga perdida na poeira dos tempos. Conan que quebra todos os estereótipos do herói. Até ao seu surgimento, os heróis eram-no por motivos nobres ou por objectivos nobres. Havia bons e maus, não havia meios-termos. Mesmo quando, ao jeito clássico, os heróis acabavam por "pecar", faziam-no por motivos justos. Eram joguetes dos deuses.

Conan, o bárbaro, agia por motivos diferentes: os seus sentimentos eram primários, violava ou fazia amor (nas mais das vezes começava com a primeira e acabava fazendo o segundo) quando sentia desejo, matava quando sentia raiva, pilhava quando ambicionava algo, não tinha princípios que não os da sua sobrevivência. Nada havia de nobre em Conan excepto a sua humanidade básica e bárbara. Era naturalmente desconfiado e não mentia, dizia sempre a verdade mesmo quando esta podia metê-lo nas maiores dificuldades. O seu objectivo principal: a tal sobrevivência. Como objectivos secundários tinha satisfazer todos os seus desejos e sentidos. A sorte faz dele rei, imperador, mas no fundo, aquele ser continua o rei dos ladrões, o mercenário sem escrúpulos.

A existência deste herói permite, pela primeira vez, que se considere que o herói pode ter outros objectivos não tão nobres, pode ter falhas, pode agir erradamentre pelos motivos errados. Este herói permite que o detective de Spillane seja um palerma, mal-criado e zangado com a vida, sem respeito pelas mulheres; permite o surgimento de miríades de anti-heróis, de Mr. Ripleys, de todo um lado humanamente negro nos mais imaculados heróis. A banda desenhada americana foi beber dessa fonte nos seus mais notáveis exemplos. O imaginário da acção e da aventura nunca mais foi o mesmo depois de Conan, o selvagem.

Não queria deixar de celebrar o centenário do nascimento de Howard, pela sua importância, pela sua essência, pela sua brevidade e pela sua continuidade e influência.

Consciências

A avó olha para a neta que compra umas calças rasgadas.
- Minha menina, proibo-a de comprar isso.
- Porquê, avó?
- É uma afronta à miséria.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A Susceptibilidade de Ferir Sensibilidades

Foi há duas noites que, chegando a casa e iniciando a normal procura de alternativas viáveis ao Malato (também conhecida como zapping), se me deparou, na RTP Memória, uma reposição notável do não menos notável «A Paixão de Jane Eyre» com o Orson Welles, a Joan Fontaine e a Liz Taylor ainda criança. Notável lamechice cinematográfica daquelas que me faz, sempre que o sono não vence, ficar em frente ao ecrã a admirar como o público era crédulo noutras eras - e talvez fosse isso que tornava muita da magia do cinema possível.

Perdido como estava naquele meio preto & branco, eis senão quando reparo num elemento que perturba a harmonia do filme: uma bolita vermelha no canto superior direito do ecrã.

Pois é, meus amigos. Alguém achou que aquela santa inocência de filme feria susceptibilidades. A única coisa que me ocorre é o tratamento ríspido que a jovem Jane sofre no colégio para orfãs. Mas que susceptibilidade é que aquilo fere quando, noutros canais, os senhores dos anéis batalham com criaturas medonhas, são trespassados por espadas e jorram sangue, e a meio de tardes familiares irrompe pelos televisores o Steven Seagal a alinhar os rostos inicialmente disformes dos maus...? a Jane Eyre tem de andar à chuva com duas candeias nas mãos por ter emitido uma opinião.

Será que os censores estão a ficar profundos ou vítimas de loucura? Pergunto isto porque a bolinha era daquelas vermelhas recentes, não era antiga. Eu aposto na profundidade dos censores; começaram a censurar as mensagens que aludem à censura. Brilhante.

sábado, dezembro 16, 2006

Como entender um académico (oralidade)

Todos os académicos fazem frases longas. Não usam parágrafos, nem pontos finais. No máximo, vá lá, concedem ao seu discurso oral um ponto e vírgula. Em cada intervenção, por exemplo, numa conferência, os académicos dizem 3 ou 4 frases antes de passar a palavra ao colega. Os demais só têm uma maneira de descodificar o discurso académico: não ouvem as duas primeiras frases; ou, melhor, não tentam entendê-las. Se tomarem atenção à terceira ou à quarta frase acabam por conseguir interpretar todas as frases anteriores, pois é esta fase que corresponde à angústia que o académico sente quando já esgotou todo o seu vocabulário especializado nas frases anteriores não tendo, agora, como ocultar aquilo que ele mesmo identifica como a sua ideia original. Se o académico for bom, a tal ideia original é um lugar comum que, à moda de Aristóteles, toda a gente já conhecia mas no qual ainda não tinha pensado. Se o académico for mau, a tal ideia original é uma reprodução ou um pensamento sobre as ideias precedentes de outros académicos e intelectuais. Se o académico for muito mau, é possível que nunca se lhe esgote o vocabulário especializado. Neste caso, o melhor a fazer é abandonar discretamente a conferência.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

É a isto que eu chamo um bom serviço público de televisão

A televisão pública belga pregou uma bela partida aos seus espectadores. Terá aprendido a lição com a outra partida de Orson Welles e do Mercury Theatre on the Air?

última hora com direito a espaço público

O Prof. Dr. Eduardo Prado Coelho teve uma "crise de retenção de líquidos".

Mais Dicas Comportamentais: De Como Devemos Ouvir o que Dizem os Outros e Intervir com Comentários Pertinentes Para Demonstrar Interesse

- ... e diz-me ele que são tudo modelos comportamentais estipulados pelas disputas familiares munda...
- Putas familiares.
- ... nas... ?????

terça-feira, dezembro 12, 2006

Vigor

Gosto daquele anúncio que tem escrito, ao lado da embalagem: «Dura mais que alguns casamentos».

Matinal

Hoje de manhã estava muito agradável dentro do meu frigorífico.

sábado, dezembro 09, 2006

Curso intensivo de palavrões em Alemão e noutras línguas insuportáveis

Falemos.
Falemos do chimpanzé que se esfrega
na mulher de corpete cândido.

«Obssssenos!", diz a avó,
sem nunca pensar que
também pode haver,
de vez em quando,
cinescópios mentirosos.

Falemos daquela palavra com seis tremas
e vinte e oito ou vinte e nove letras,
que apenas quer dizer "fornicar".

O jornalista ambicioso quer entrevistar a
concubinagem cor de ameixa.

(E alguns homens, quando são cobardes,
ejaculam gritos agudos enquanto alguém
ofende a sua dignidade)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Confessionário (XIX)

- Qual é a diferença entre estar em perigo de vida e estar em perigo de morte?
- ...

A Amazon Diversifica-se

Em Inglaterra, onde o sexo anal ainda é punível por lei, a Amazon (inglesa, entenda-se) abre novas fronteiras do conhecimento. Pois é: bem camuflada, esta secção nem aparece quando se procura nos índices; contudo, lá está. Que acontecerá quando os puritanos americanos se derem conta do que os vizinhos andam a fazer nas suas costas?