quinta-feira, novembro 30, 2006

Sobre os Músculos de Daniel Craig

Um dos fenómenos fantásticos neste 007 é a sua semelhança física com um 007 Sean Connery. A mesma barriguinha, o mesmo desenvolvimento supra-peitoral.






















Esse fonómeno do desenvolvimento muscular desequilibrado deu, bem recentemente, origem a um dos mais deliciosos personagens do grande ecrã: Reggie, desempenhado por Freddy Rodriguez no filme «Lady of the Water» este personagem delicioso apenas praticava musculação num dos lados do seu corpo.

Ah! Bê Cê

Noutro dia, ao falar com uns miúdos, percebi que as coisas andam muito diferentes do meu tempo no que toca ao ensino das letras nos primeiros anos da escola. A saber (e sem recorrer a transcrições fonéticas), os putos aprendem, como nós o fazíamos, que o B, o P, o Z, o D, o G, o T e o V são letras que têm como "nomes" Bê, Pê, Zê, Dê, Guê, Tê e Vê. Mas acabou-se o que conhecíamos (se o H ainda for Agá e o X, Xis): a partir deste ponto há todo um novo mundo misterioso pela nossa frente. Pois é, temos agora C, F, J, L, M, N, Q, R e S.
C = Quê
F = Fê
J = Jê
L = Lê
M = Mê
N = Nê
Q = (nenhum professor sabe bem ao certo mas todos dizem algo como "Quê de perna", "de nove", "de queijo" ou "de quá quá")
R = Rê
S = Cê

E, vai daí, pus-me a pensar com os meus botões sobre as grandes mudanças que isto vai acarretar: não mais ouvir o reclamo cantado da RêFêMê, andar de comboio pela QuêPê, comprar PêQuês da IBêMê... as coisas nunca mais serão as mesmas.

Contudo, de repente ocorreu-me um facto que me deixou livre de preocupações. Essa nova norma didática tem os dias contados. É só esperar o dia em que o filho ou neto de um deputado do PêÉsse pergunte ao pai ou avô se ele trabalha no PêCê. Nem é preciso falar do PêCêDê, do PêQuê ou do MêRêPêPê...

(Se o Xis for Xê a Microsoft vai ter um enorme flop em mãos no nosso país: a XÊ box...)

Confessionário (VIII)

- E você?
- Eu também sou dona do meu banco.

Mais três vivas

para o pirata que se descalçou antes de ser enforcado; isto para que o seu delator, que lhe disse que ele morreria calçado, ser, além de desleal, um vil mentiroso.

Como praticar a injúria de ânimo leve

É triste, mas houve um determinado momento na vida de Henry Miller no qual ele se sentiu embaraçado por considerar chamar puta a uma determinada mulher não tendo depois como designar todas as outras.

Confessionário (VII)

- Achas que vivemos na sociedade da suspeita?
- Suspeito bem que sim.
- Porquê?
- Il faut defendre la société.

Confessionário (VII)

- Amanhã tenho de acordar cedo.
- Não parece.

Confessionário (VI)

- O que achas que é pior: a ignorância ou a indiferença?
- Sinceramente? Não sei nem me interessa.

terça-feira, novembro 28, 2006

Double O

Como os Óscares, a IMDB está a perder toda a credibilidade. Oito ponto qualquer coisa para o pior James Bond de sempre. Pior que George Lazenby ou Timothy Dalton (que tiveram a sorte de ter argumentos e realizadores bons). Não há qualquer eficácia em retratar um Bond jovem e impetuoso quando se substitui a Guerra Fria pelo 11 de Setembro. Um filme de Bond não pode ter um flashback no qual Bond mata como uma personagem de Tarantino. Este Bond é o que os mais afeiçoados a Bond chamariam um Bond não-canónico e, eu acrescento, um Bond mau. Os computadores são muito CSI Miami (a julgar pela camisinha florida de Daniel Craig); as sequências das cenas de maior acção são confusas, provavelmente para esconder os truques e efeitos especiais; o tema principal da banda sonora é medonho; as Bond Girls são chatas; os carros são completamente desprovidos de estilo; as paisagens não têm interesse; as personagens "secundárias" não persistem na memória; e onde está o meu magnífico John Cleese? Safam-se o vilão (um francês lívido que chora lágrimas de sangue), o grafismo inicial (quase arruinado pela música de fundo) e o poker. Daniel Craig até é giro (ou, como ouvi alguém dizer, tem "cara de cama"), mas e aquele je ne sais quois?

segunda-feira, novembro 27, 2006

«Afinal o que importa não é a literatura

nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra»

Mário Cesariny, Pastelaria, Nobilíssima Visão, in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)
E um beijinho para a minha grande, maior e melhor amiga que está de luto.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Strukturwandel der Öffentlichkeit. Untersuchungen zu einer Kategorie der bürgerlichen Gesellschaft

A burguesia isto e aquilo, a esfera pública burguesa p'ra lá, a manufactura do consenso p'ra cá, o proteccionismo trouxe a massa e massa não é do homem, mas o homem é o homem da massa. A verdade é que esta gente não percebe nada de amor. E Gesellschaft é uma palavra bonita.

segunda-feira, novembro 20, 2006

CONAQUEBRADA

Preciso de voluntários para uma experiência de três dias num lugar qualquer isolado no interior de Portugal. Levo o Jack Daniels, o livro de São Cipriano, e um computador para escrever. Sem sexo, sem drogas, apenas uma experiência mortificante.

Não me responsabilizo pelos possíveis danos mentais nos participantes ao fim dos três dias. Vou induzir-me num estado de pesadelo contínuo como forma de penitência.

A conaquebrada vai começar.

domingo, novembro 19, 2006

«O meu encontro com Landru

Conheci Henri num dia de Maio de 1916, num restaurante de Montmartre, em belíssima companhia.

Ela ostentava uma abundante cabeleira ruiva e um queixo malicioso, ele era um careca com grandes barbas negras. Ela tinha no máximo trinta e cinco anos, um vestido verde-esmeralda e um riso de pássaro exótico que ressoava a propósito e a despropósito, mas sobretudo a despropósito. Ele tinha cinquenta anos bem medidos e o sorriso circunspecto do homem cultivado que controla os seus actos. Os clientes habituais sorriam ao espreitá-lo pelo canto do olho, persuadidos de estarem diante de um burguês à beira do adultério, com uma bailarina em fim de carreira; eu, pela minha parte, apostava mais numa viúva de guerra folgazona ou aliviada e num celibatário por necessidade, afectado por uma tara secreta, provavelmente uma doença vergonhosa, humilhante ou com marcas disformes.

Chegara o momento da sobremesa e o restaurante tinha quartos no mesmo andar. Os vizinhos de Henri sussurravam sem o perder de vista; esperando o desenlace antes de se irem embora.
O empregado sentiu-se à vontade para sugerir a Henri a conclusão do repasto com uma taça de champanhe, "o vinho dos amantes para as sestas que borbulham". Tive a impressão de que a sala ia aplaudir, mas entretanto instalou-se um grande silêncio quando, com uma voz sem timbre, branco como a cal, ele replicou: "A conta, por favor, e não diga mais nada." O sorriso do empregado desapareceu. O instante eternizou-se. Depois, a amiga pegou no seu copo de vinho carrascão, levantou-o bem alto e atirou o conteúdo à cara de Henri; fugindo em direcção à porta, num burburinho confuso de soluços e de tacões a martelar o soalho.

"E já agora traga-me um grande guardanapo, de preferência em ninho de abelha, que absorve melhor", acrescentou ele virando-se para o empregado, enquanto ajustava os seus óculos. Estendi-lhe um lenço limpo. Ele enxugou delicadamente a camisa e, todo sorrisos, dirigiu-se à assistência: "Vejam como um homem de bem se limpa de um revés."»

BOTUL, Jean-Baptiste, Landru, precursor do feminismo, tradução de José Mário Silva, Cavalo de Ferro, Lisboa, 2005, p. 24 e 25.

sábado, novembro 18, 2006

Terror no CCB

Tenho ouvido e lido alguns chavões da crítica musical a propósito do acordeão de Richard Galliano. Uns dizem que é denso, outros que é profundo. Eu digo que é totalitário. Mesmo quando os maravilhosos violinistas do Richard Galliano Septet parecem conseguir impor-se. Totalitário. Mesmo com o volume do contrabaixo demasiado alto. Totalitário. Mesmo com o tipo da fila da frente a tirar fotografias proibidas e ainda por cima com flash. Totalitário. Mesmo com muita gente a chegar atrasada e a desviar a atenção dos que já estavam sentados. Totalitário.

Mas não quero parecer injusta com o acordeão de Richard Galliano. Porque o bandoneón, esse, chega a ser terrorista.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Telecomunicações&limitada

Cultura &limitada

quarta-feira, novembro 15, 2006

Darwin,

filho, será que 'tás lixado?

Porquê? Ora segue.

Finalmente... a Tradução

Natal-Todos-Os-Dias

Este ano tenho de louvar a CML pelo extraordinário facto de as iluminações de Natal da capital, que no ano transacto estavam colocadas e acesas em finais de Outubro, terem apenas sido colocadas em começos de Novembro (algumas estavam a ser colocadas ontem) e ainda não estarem acesas. O que resta saber é se isto se deve a um dos três: bom senso, a crise do comércio tradicional (que paga as iluminações) ou falta de organização camarária. Eu acho que foi a primeira!

terça-feira, novembro 14, 2006

Certeza?

Queria expressar a minha confiança em que mais alguém voltará a intervir neste blogue para além da minha pessoa.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Conclusão Judicial

Serve o presente apenas para informar que foi finalmente concluído o processo contra certo e determinado membro deste blogue. Mediante a intervenção do próprio junto ao fiscal dos direitos de autor e a oferta de um número não especificado de garrafas de tintol, vê-se agora terminado o enfadonho processo que muitas horas de sono roubou aos seus intervenientes durante um fim de semana.

Desenvolvimentos Adicionais

Parte da dívida mencionada no anterior ponto foi perdoada graças a intervenção directa de John Cleese. Contudo, a outra parte mantém-se devido a uma insistência por parte de Michael Palin justificada ipsis verbis: «A BBC não me paga o dinheiro suficiente para comer lagosta em todas as viagens e andar acompanhado por "escorts" de luxo. Os direitos dos Monty Python são essenciais à minha sobrevivência.» Terry Gillian, por seu lado, afirmou não estar interessado senão na sua arte e em filmes de baixo custo. Quanto aos restantes membros ninguém os conseguiu localizar, provavelmente porque ninguém sabe quem são.

Crime

Foi certo membro deste blogue interpelado por um senhor de mau-aspecto e hálito a uva que se apresentou como fiscal de direitos de autor, questionando-o sobre onde teria obtido autorização de reproduzir praticamente por inteiro um filme dos Monty Python. Neste momento o dito membro pretenden afirmar publicamente a sua culpa eximindo os restantes membros e arcando, apenas ele, com a elevada coima que lhe foi imposta.

sexta-feira, novembro 10, 2006

E Para um Fim de Semana vos Deixo








e para acabar pelo começo...

O Pior e o Melhor

Foi o Nuno Markl, no seu blog que identificou o pior video clip de sempre.
Concordo mas deixo o desafio de me apresentarem piores.

Para mim um dos melhores (goste-se da música ou não) foi este. Prova de que a criatividade não precisa de muito dinheiro nem efeitos especiais assombrosos.

Fica também o desafio: os melhores videoclips de sempre.

Uma Daquelas Questões...

No seu espaço de opinião no RCP, Nuno Rogeiro costuma ler mensagens dos ouvintes e, por vezes, comentá-las. Na 6ª feira passada ele e eu conviemos que se tratava de uma boa pergunta quando um ouvinte lhe escreveu a perguntar porque é que se quando há aumento dos combustíveis, os preços dos transportes sobem, na altura em que os primeiros ficam mais baratos não acontece o mesmo aos segundos.

Puxa Vida...

Não puxa saco.

Pudera

Sindicatos afirmam que a adesão à greve vai hoje (6ª FEIRA!!!!!) ser muito superior.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Eu às vezes também sou seguidista

«Saddam Hussein vai ser enforcado pelos seus crimes. Não morre ao matar, única justificação para se matar, quando a morte de um assassino pode poupar vidas inocentes. Vai morrer quando já está preso e incapaz de fazer mal. Por isso esta sentença, como todas à morte, é moralmente errada. Mas neste caso, é também o desperdício de uma oportunidade. O tribunal que o condenou à morte, por ter proferido essa sentença, não se coloca ao mesmo nível do ditador sanguinário que foi Saddam, claro que não. Mas esse tribunal, se se tivesse negado a si próprio a ordem de matar um homem que nunca se negou a si próprio o prazer de matar, teria demonstrado uma superioridade inegável. E se há lição que o Iraque precisa, hoje, é esta: qualquer vida é para se respeitar.»

Ferreira Fernandes (2006), "Perdeu-se uma oportunidade",
Bilhete Postal, Correio da Manhã, 6 de Novembro, pp. 52.

domingo, novembro 05, 2006

Seis máximas em filigrana(zinha) [ou De Umas Coisas Que Eu Talvez Tenha Aprendido]

1. Não vale mesmo nada a pena desejar aquilo que não se pode ter e, quando se toma consciência disto, é frequente querer segurar contra todos os riscos aquilo que se acha que se tem (e, já agora, guardar a apólice num cofre atrás do quadro mais feio lá de casa), o que não é de todo ilegítimo, mas apenas inconveniente e inestético.

2. Salivar por aquilo que não nos pertence, como o tal cãozinho que ficou famoso por ser normal, é inútil. A vida é muito curta, pelo que o arrependimento é uma perda de tempo. O melhor a fazer é deixar os dois pássaros voar e, se entretanto aparecer um terceiro que queira ser preso, apoderamo-nos dele para já não nos poder acusar de encarceramento não consentido. O máximo que pode acontecer é não termos aprendido lição nenhuma e sermos, no fim das contas, nós a ficar engaiolados. Só quero acrescentar, como diz o tio Vinicius, «quem nunca curtiu uma paixão/nunca vai ver nada, não (…) /não há mal pior do que a descrença/mesmo amor que não compensa/é melhor que a solidão» – e isto não se aplica só ao amor, mas também ao trabalho e a todas essas dimensões dolorosas da vida.

3. Tudo o que nos pertence não nos pertence; o Tempo, esse ancião rabugento e sem credibilidade nenhuma – pois ninguém sabe de onde veio nem para onde vai (se bem que, relativamente à última questão, a Eternidade faz as suas reivindicações) – é o proprietário de todas as nossas coisas, mesmo que tenhamos o talão Multibanco com o nosso nome e que as câmaras de vigilância tenham gravado o momento no qual pagámos os haveres.

4. Galileu não era patriarca, Copérnico não tinha património e a Suíça bem podia dedicar-se mais aos canivetes.

5. O Paraíso é um lugar engraçado: tem céus azuis e prados verdes, os anjos servem banquetes (mesmo contrariando os Gourmets que se queixam de ter de cozinhar para tão pouca gente) e o primeiro andamento, Allegro ma non troppo, da Sexta Sinfonia do Surdo toca em repeat no i-Pod de cada um. Os serviços informativos do Paraíso funcionam bem, até nos supermercados, onde é frequente ouvir «Tum tum tum tum: “Estimado cliente: a partir das 19 horas teremos descontos de até 70% na secção dos impossíveis.”»

6. A impossibilidade pode, em vez do fim, ser antes o começo.

Le monde est plein de polissons

quinta-feira, novembro 02, 2006

Sumulam Diae

Latim provavelmente errado. À parte isso passei o dia a tentar escapar, sem resultados, dos "aguaceiros" anunciados pelo RCP de manhã. Descobri coisas interessantes, a saber: os meus sapatitos de Verão são bem mais impermeáveis que todos os meus sapatorros de Inverno.

Depois de Peidas e Rabos Venham os Cus!

Há muitos, muitos anos atrás... no tempo (quase) do outro senhor, diziam-me as minhas professoras de linguística que a língua é um organismo vivo e em constante mutação e evolução.

Fizeram-nos estudar, pobres desgraçados, centenas de mecanismos pelos quais ela evoluiria mas esqueceram-se de um: o medo da gaffe.Ah pois é. Senão vejamos:

Quem, como eu, tenha cerca de trinta anos, lembra-se perfeitamente de ouvir falar em cooperação, coligação, co-icineração, e vários outros cos que se liam CUS! Sim, dizia-se "Cuuperação", "culigação", "cu-icineração". Mas veio um dia em que a co-inineração passou a estar na ordem do dia e os desgraçados dos pivots televisivos tiveram de abordar o maldito processo nas notícias. A partir daí e na tentativa de evitar pronunciar a palavra CU (que por acaso consta da nossa língua aoooooooo tempo) criou-se o prefixo cô ou cou (para não dizer nada do genial có-icineração).

E assim, ao invés de todas as regras fonéticas, cria-se um novo som para uma conjunção de letras que nunca teve tal relação. E assim a língua evoluí... a má-língua...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Foi há 251 anos